terça-feira, 8 de setembro de 2009

Um poema para o Sítio

SITIO SERRA AZUL

Por Beth

Nesse lugar, temos muitos visitantes,
Tantos que não podemos contar.
À noitinha, temos, ora o visitante silêncio,
Ora a visita do vento.
Este, às vezes sibilante, passa pela minha janela.
E outras vezes urra na mata, feito fera ferida.
Madrugada afora, cintilantes estrelas forram o céu todinho.
E corujas piam lá fora.
Noites profundas vêm nos visitar,
Noites que parecem não ter fim.
O ar tépido da noite escura, profundamente escura,
Nos envolve até as entranhas, com seus segredos e mistérios.
Outras vezes, a fina chuva, silenciosa e mansa.
Que a tudo toca: flor, folha, relva, terra;
Mudando a cor da mata, do morro, do mundo ...

Suave e sublime é a visita da névoa,
Branca e brumosa cobrindo com fino véu
A quieta e silente paisagem.
Ao amanhecer, muitos são os visitantes,
Tantos quanto seus cantares que anunciam
E reverenciam o Grande Rei.
Esse Rei que não chega de sopetão,
Mas com mansidão,
Iluminando até o mais recôndito grotão.

Quantas mariposas, a pousar nas vidraças,
Nas janelas das noites enluaradas !
Brancas, verdes, pretas com amarelo, marrom, cores diversas;
De olhos nas asas, às vezes,
Corpos gorduchos em vôos desajeitados.
Procuram a luz e por ela morrem.

Na primavera, te prepara,
Pois serpentes há em todo lugar.
Preguiçosas ao sol,
Serpenteiam tal qual labaredas
Quando se sentem ameaçadas.

A placidez do azul do céu,
Vitalizante verde em variados tons por toda a paisagem,
A mata que ora se tinge
Com róseos e liláses dos manacás;
O roxo das quaresmeiras;
Amarelos, são canafístulas, pau-jacaré e cambarás;
Branco dos angicos e margaridinhas do brejo;
Macelas e bromélias;
São visitas que só o coração pode contar.

Ah ! Muitas são as águas desse lugar !
Que brotam, jorram, se esplham, caem;
Que se aprofundam na terra, umedecem;
Que correm, que alagam, que se represam;
Que serpenteiam sobre pedras;
Entre sussurros e cantos seguem seu destino com absoluta confiança.
Ah ! Grande é a sabedoria da água !
Abelhas procuram um lugar,
Passam em densa nuvem,
Dançam sua dança octogonal,
Para em sua casa entrarem.
Tudo passa, nada permanece igual.

Não seremos nós os visitantes desse lugar ?